quarta-feira, 15 de julho de 2009

...

' " Preciso não dormir até se consumar o tempo da gente..." ' Sim, preciso não dormir, preciso não morrer, porque há muito amor ainda não realizado. Vem-lhe então a memória do amor que, por descuido, não se realizou, e vai em busca da sua recuperação: ' "Pretendo descobrir no último momento um tempo que refaz o que desfez..." '
Esse verso me comove de maneira especial. Pensando no meu desajeito, na minha desatenção, vou me lembrando das coisas que derrubei, das palavras que não ouvi, das flores que pisei. E dá uma vontade de fazer o tempo voltar para poder refazer o que foi desfeito, para recolher todo o sentimento e colocá-lo no corpo outra vez...
Aí le vai mansamente dizendo as palavras que o amor deve saber dizer, palavras que só existem no tempo da delicadeza. ' "Prometo te querer, até o amor cair doente, doente..." 'Por isso, por causa desse tempo misterioso, é preciso amar cuidadosamente com o olhar, om os ouvidos, com a mão que tateia para não ferir...enquanto há tempo.
(Cantos do Pássaro Encantado- Rubem Alves)

Nenhum comentário:

Postar um comentário